Pois é! Essa bela loira é Janaína Oliveira, uma respeitável doutora de São Paulo. Por incrível que pareça, Jana joga desde a infância, já zerou jogos como Doom, Prince of Persia -- rodando em um velho PC 486, Final Fantasy 4 na plataforma Super Nintendo (SNES), e mantém um console Megadrive (MD), da Sega, funcionando até hoje! Ela também curte jogos de estratégia, adora Rock Band e atualmente está jogando Pokemon Soul Silver.
Fora isso, é casada com Pablo Raphael, jornalista de jogos eletrônicos e colaborador de um site especializado no assunto. Como será a rotina dessa gamer? Isso a gente descobre agora.
Cultura Nerd (CN): Conte um pouco sobre você
Jana: Tenho memória da década de 1980, gosto de cachorros, de livros, de carros, de algumas séries de TV e, atualmente, não tenho mais paciência para assistir jornal.
CN: Você joga desde pequena e mantém essa paixão até hoje. Como isso começou?
Jana: Minhas primas tinham um Atari¿ me lembro da gente jogar juntas, depois meu pai nos deu (pra mim e pro meu irmão) um Megadrive com o Sonic (que eu O-D-E-I-O) e com Road Rash, esse sim era muito legal, e eu tinha outros jogos também. Mas nessa época eu praticava mais esportes, então jogava pouco. Na oitava série (1993), quando começaram a aparecer os "personal computers" (PCs), uma amiga, que tinha um, começou a jogar Doom e Prince of Persia, que nós zeramos juntas. E um outro amigo que tinha um console Super Nintendo, eu perdia algumas tardes jogando jogos da série Final Fantasy com ele.
Depois veio o cursinho, o vestibular, a faculdade e meu tempo para jogos escasseou -- jogava The Sims de vez em quando e Paciência no PC esperando carregar as páginas na época da internet discada.
Então conheci o Pablo, e juntamos nossos consoles e compramos outros juntos.
CN: Certa vez você declarou que "conquistou" o seu marido graças ao Final Fantasy e ao personagem Cloud. Como foi isso e qual a sua relação com esse jogo? Poderíamos dizer então que é o jogo da sua vida?
Jana: Eu jogava na casa de um amigo do meu irmão que tinha todos os consoles (Sega Saturn, Playstation 1 e 2, e hoje em dia deve ter os consoles mais "atuais").
Eu e o Pablo estávamos começando a namorar, passamos em frente a um bar com um telão em que passava o primeiro filme de Final Fantasy (aquele que faliu a produtora Square), então eu disse a ele que eu tinha ido ver aquilo no cinema e que fiquei frustrada porque não aparecia o Cloud -- o Pablo fez a maior cara de surpresa: "Você conhece o Cloud?". Eu disse que sim, "todo mundo conhece o Cloud", e ele se apaixonou mais um pouquinho por mim.
Final Fantasy 7, o jogo da minha vida? Acho que não, mas com certeza, ele rendeu uma boa história na minha vida. E foi um bom jogo que eu joguei.
CN: Você é casada com um cara que respira jogos eletrônicos. Como é esse relacionamento? Rola alguma competição entre vocês?
Jana: Ele me ajuda a matar chefões difíceis, me lembra de tomar poção quando estou morrendo e eu fico dando palpites nos jogos de tiro que ele joga. Nós jogamos coisas cooperativas juntos, como a série Lego, e evitamos Tekken ou Street Fighter (eu não sei perder). Não brigo porque ele fica jogando, mas não gosto quando ele joga no meu save.
CN: Não sei se você já sentiu isso, mas alguns homens demonstram uma certa "inveja" ao se depararem com uma garota que entenda de jogos. Isso já aconteceu com você? Rola alguma competição entre o casal?
Jana: Não entendo tanto assim de jogos. O Pablo é uma enciclopédia, guarda nomes, datas eu nunca cheguei a tanto.
Não competimos porque temos profissões diferentes.
Acho uma delícia chegar em casa e esquecer da medicina, falar de um livro novo, de um filme que queremos ver, jogar alguma coisa sobre o que ele tem que escrever, dar uns palpites nas matérias dele. E não acho que ele tem inveja de mim, ser mulher é muito complicado. Hehehe.
CN: Muitas mulheres não curtem jogos e reclamam quando os maridos passam mais tempo no console do que com elas. Você acha que os jogos podem arruinar um relacionamento?
Jana: Acho que não ter afinidades pode arruinar um relacionamento. Não reclamo quando ele fica jogando e ele não reclama de comprar sapatos comigo. Ainda bem que ele não gosta de futebol (Mas eu já fiquei umas dez horas jogando Fable 2 direto -- e ele não reclamou).
CN: Fiquei sabendo que você carrega um console Dual Screen (DS), da Nintendo, na bolsa, inclusive quando vai para o plantão no hospital. Qual é a reação das pessoas ao descobrirem essa sua paixão por jogos? Afinal, muita gente ainda acha que jogo é coisa de criança e adolescente.
Jana: Perguntam o que é, pedem dica de jogo pra comprar para os filhos, tentam jogar. Os médicos não são tão caretas assim -- o que mais se vê em sala de estar dos médicos são notebooks, muitos gostam de tecnologia. Tinha um até que queria me convencer a jogar Tíbia (que o Pablo me recomendou fortemente a não jogar. Hehehe). E já me perguntaram se o Pokewalker é um Tamagotchi.
CN: Você já sofreu algum tipo de preconceito em relação a isso?
Jana: Não, nunca.
CN: Alguns jogos já estão sendo utilizados na recuperação de pacientes e já se estuda a possibilidade de lançar outros ainda mais avançados. Qual a sua opinião como médica ? Você acredita que um dia os jogos serão mais do que um simples entretenimento?
Jana: Atualmente medicina é tecnologia. Acho que tudo que pode ajudar pacientes tem sua função e importância. Mas nada vai substituir o contato entre o médico e seu paciente.
CN: Finalizando, o que os jogos significam pra você e qual a importância deles na sua vida?
Jana: É uma forma de entretenimento, dentre várias outras formas de entretenimento que tem espaço na minha vida. E o melhor é que pagam algumas contas da minha casa. Hehehe.
Final Fantasy deu um empurrãozinho no relacionamento da médica com o jornalista de jogos eletrônicos
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