sexta-feira, 8 de maio de 2009

Pesquisadores usam WoW para entender gripe suína

O que está se tornando uma pandemia no mundo real aparentemente já existia no mundo virtual há quatro anos e hoje ajuda cientistas a entender o espalhamento da doença pelo globo. Pesquisadores canadenses estão usando uma variante do game World of Warcraft para prever os movimentos endêmicos da doença.

A notícia é do The Escapist. Segundo o site, a enfermidade transmitida através do porco já estava presente no jogo desde a versão beta de Wrath of the Lich King, uma variante de World of Warcraft. Embora não levasse a mesma denominação que atualmente está em todos os jornais, a infecção pela doença causava danos parecidos aos do mundo real: perda de "saúde" do personagem, à taxa de 120 pontos a cada 2 segundos, e 70% de redução na velocidade de movimentação, afirma o Giant Bomb.

A presença da doença no jogo levou cientistas canadenses a empregá-lo no estudo da disseminação da gripe pelos países do globo. Segundo o site governamental Canada.com, um outro fator influenciou a tomada do jogo como base para estudos: o livre arbítrio.

De acordo com a matéria, os modelos computacionais até então utilizados pelos pesquisadores pecavam ao não possuir um fator de liberdade nas decisões, ou seja, eles apenas fazem o que os mandamos fazer. Nesses softwares de simulação, tanto os movimentos da doença como das populações são estudados em bloco, sem as interações e aleatoriedade provocada pelo livre arbítrio de cada indivíduo. Entretanto, no World of Warcraft, cada personagem é controlado por uma pessoa diferente, o que insere no problema a componente aleatória e torna o jogo uma plataforma bastante precisa para o estudo.

Com a utilização do modelo do WoW, as organizações de saúde globais podem compreender melhor o problema e tomar medidas para tornar as quarentenas de massa mais eficazes, já que a praga virtual forneceu exemplos de como a população real reagiria, afirma o Canada.com. Os jogadores são pessoas reais interagindo no mundo virtual, sendo livres para correr o risco de desenvolver a doença, interagindo com personagens infectadas ou andando em regiões de quarentena, ou para salvar seus personagens, mantendo-os "em casa", tal como fariam para se proteger no mundo real.

"De repente, temos como estudar a forma com que as pessoas reagiriam em uma epidemia", conta Nina Fefferman, professora assistente no Centro de Matemática Discreta e Ciência da Computação Teórica da Universidade de New Jersey, EUA. Fefferman ajudou a escrever um estudo sobre a praga no mundo virtual.

Assim como o vírus real, a doença no World of Warcraft saiu do controle dos programadores. A praga "Corrupted Blood" (algo como sangue corrupto) foi criada para atacar os jogadores mais fortes, a fim de lhes impor mais desafios no jogo e torná-lo mais justo para jogadores mais fracos. Porém, em um dado momento um jogador não tão forte assim foi infectado, partindo daí uma epidemia dentro do mundo virtual a qual os programadores não conseguiram controlar.

Outros jogos também são utilizados para estudar caos do mundo real. Suzanne de Castell, professora da faculdade de educação da Universidade Simon Frase, na província da Colúmbia Britânica, no Canadá, utiliza o Contagion para ensinar os alunos como reagir em casos de pandemia. Ela afirma que as generalizações criadas para estudar esses fenômenos jamais vão reproduzir a reação de um indivíduo, uma família ou uma comunidade. "Há muito o que aprender com os jogos inteligentes", finaliza de Castell.

A "gripe do porco" vem assolando o México e se espalhou pelo mundo em pouco mais de três semanas. Países estão alertas a quaisquer casos suspeitos, com alguma dose de alarmismo e exagero ¿ Hong Kong, por exemplo, colocou um hotel inteiro em quarentena após um mexicano aparentemente infectado ter se hospedado lá.

Em  World of Warcraft , a epidemia já existia
Em World of Warcraft, a epidemia já existia

Redação Terra

Nenhum comentário: