terça-feira, 8 de setembro de 2009

'The Beatles: Rock Band' faz sucesso em diferentes gerações

Talvez não haja melhor forma de fisgar um baby boomer do que ser algo nada menos que totalmente reverencial aos Beatles. Portanto, a notícia de que os rapazes de Liverpool assumem nova forma em um videogame (um videogame!) chamado The Beatles: Rock Band pareceu a alguns dos acólitos da banda nada menos que uma heresia.

Felizmente, Paul McCartney e Ringo Starr, ao lado das viúvas de George Harrison e John Lennon, parecem entender que os Beatles não são uma peça de museu e que a banda e sua mensagem nunca deverão ser envolvidas em âmbar. The Beatles: Rock Band é nada menos que um divisor de águas cultural, um que pode se provar só um pouco menos influente do que a famosa aparição da banda no programa The Ed Sullivan Show, em 1964. Ao reinterpretar um símbolo essencial de uma geração no elemento e tecnologia de outra, The Beatles: Rock Band proporciona uma experiência de entretenimento transformadora.

Neste sentido, talvez seja o videogame mais importante já feito.

Nunca antes um jogo teve tanta ressonância cultural entre gerações. A fraqueza da maioria dos jogos se relaciona normalmente ao fato de serem desprovidos de qualquer conexão com nossa vida real e nossos tempos. Normalmente não há um sentido mais amplo, nenhuma grande mensagem, ao se defender de alienígenas ou zumbis, ou mesmo nas etapas cognitivas de criar uma estratégia ou resolver enigmas.

Em anos recentes, títulos anteriores das séries Rock Band e Guitar Hero já fizeram mais para introduzir jovens ao rock clássico do que todas as estações de rádio do país. Mas esse novo game é especial por ser um mostruário tão adorável, meticuloso e glorioso da carreira relativamente breve da banda de rock mais importante de todos os tempos.

As músicas e letras dos Beatles não são menos relevantes hoje do que foram décadas atrás, e ao recriar a mensagem dos Beatles na descaradamente moderna e interativa forma digital de hoje, o novo jogo une quase 50 anos de entretenimento moderno.

Com todo respeito ao Wii Sports, nenhum videogame pôs mais pais ao lado de filhos adolescentes e adultos do que The Beatles: Rock Band provavelmente vai pôr nos meses e anos vindouros.

Numa sexta à noite de agosto, convidei um grupo modernoso e falante de jovens com 20 e tantos anos (tenho 36) para meu apartamento em Williamsburg, Brooklyn, para experimentar o jogo. Depois de 15 minutos, o de 25 anos disse: "Vou ter que comprar isso para meus pais no Natal, não vou?" Depois de nove horas, completamos todas as 45 músicas do jogo em uma verdadeira maratona. Na tarde de sábado, acordei e vi um rapaz de 20 anos passar três horas tentando dominar as sequências do ritmo sincopado e ondulante de Tomorrow Never Knows. Trinta e seis horas mais tarde, quase na aurora da manhã de segunda, ainda havia alguns felizes vagabundos na minha sala esgoelando Back in the USSR. Ainda bem que meus vizinhos tinham viajado no fim de semana.

Cresci em Woodstock, Nova York, impregnado de rock clássico, então tinha uma vantagem sobre meus parceiros de banda mais jovens. (Suspeito que muitos pais vão gostar de estar um passo à frente de sua prole.) Porém, assisti à mesma transformação durante todo o final de semana.

Começávamos uma música como Something ou While My Guitar Gently Weeps e, após seu início, eles diziam "Ah, é mesmo, é aquela". Então, ao final, havia literalmente um silêncio atordoado antes de alguém dizer algo impublicável, ou simplesmente "uau", enquanto absorviam completamente a intensidade emocional e as melodias quase divinas dos Beatles.

O jogo não estava apenas reintroduzindo a música, pois, ao conduzir os jogadores por uma versão esquemática em que na verdade se cria a música, ele também o fazia de forma muito mais envolvente do que meramente escutando a uma gravação.

The Beatles Rock Band chega às lojas americanas nesta quarta-feria (9)
The Beatles Rock Band chega às lojas americanas nesta quarta-feria (9)

The New York Times

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