Ao fazer a inesperada transição de adepto dos videogames para crítico jornalístico de videogames, alguns anos atrás, uma das primeiras coisas que tentei foi jogar a série
Halo.
Meus antecedentes como jogador privilegiavam os games em computador e os primeiros jogos de combate pessoal, como Unreal e Quake. Jogos para consoles não eram algo que eu levasse a sério. Mas eu sabia que precisava tentar compreender Halo, a série que conduziu o Xbox ao sucesso e permitiu que a Microsoft enfrentasse rivais do porte da Sony.
O que descobri não me surpreendeu, e tampouco me impressionou. Como série de combate individual, Halo é uma típica ópera de ficção científica não muito sofisticada, e ainda que a parte da troca de tiros fosse divertida, os jogos não ofereciam muito humor ou personalidade. E o mais recente título da série, Halo 3: ODST, pouco faz para mudar essa avaliação.
Na verdade, a Microsoft Game Studios exagerou ao tentar cobrar o típico preço de varejo de um jogo completo, cerca de US$ 60, por um produto que ou deveria custar US$ 40 ou deveria oferecer muito mais conteúdo em sua versão de uso individual.
Se você costuma jogar a sério com seu console na versão online, que é o ponto forte dos jogos Halo, o ODST (ou Orbital Drop Shock Troopers) é compra obrigatória. Se você é um colecionador que se sente compelido a adquirir qualquer coisa que a série Halo tenha a oferecer, não lhe resta escolha. Mas, para outras categorias de jogadores, o novo título não tem muito a oferecer.
O jogo é certamente bem acabado e executado, na medida em que isso importa, mas ele simplesmente não é extenso o suficiente para justificar o preço, no caso de quem joga offline. (E muitos jogadores que usam consoles preferem não jogar online.) Estou longe de ser o jogador mais rápido do mercado, e ainda assim completei o jogo, no nível médio de dificuldade, em cerca de cinco horas.
Hoje em dia, os jogos dessa faixa de preço em geral requerem de oito a 10 horas de jogo, no mínimo. A parte triste é que ODST foi concebido originalmente como uma expansão ou projeto paralelo de parte dos programadores da Bungie. E era assim que deveria ter sido lançado.
Em termos de forma e design, ele na verdade representa um passo adiante, tanto em complexidade quanto profundidade. As versões anteriores de Halo requeriam apenas atacar freneticamente, na persona do famoso Master Chief, e destroçar o campo de batalha com a ajuda de músculos ciberneticamente reforçados e poderosa blindagem corporal. ODST requer mais astúcia. Em lugar de controlar o impulsivo Master Chief, o papel que o jogador assume é o de um agente clandestino conhecido como Rookie calouro ¿claro.
O jogo começa com uma cena deslumbrante na qual o jogador é lançado do espaço, a quilômetros de distância da superfície do planeta, e pousa na cidade de New Mombasa, com uma cápsula lançada de uma espaçonave do século 26. A cidade acaba de ser capturada pelos alienígenas do Covenant, e missão é penetrar nas ruínas e localizar seus camaradas de armas.
A Bungie deu a ODST uma sensação de mundo aberto, e com isso o jogador pode se deslocar como preferir e descobrir a cidade da maneira que lhe parecer mais conveniente, em lugar de ser forçado a seguir uma sequência predeterminada de níveis. A ideia é interessante, mas na prática não funciona direito. Na verdade, New Mombasa, que está praticamente abandonada a não ser pelas patrulhas inimigas, está bloqueada por comportas de acesso trancadas em toda parte, e não existem missões acessórias que seja interessante executar.
A única motivação para que o jogador circule é encontrar terminais de computador nos quais é possível ouvir diversas segmentos em áudio que narram os antecedentes do jogo. Outros títulos recentes, a exemplo de Infamous, se saem muito melhor na implementação do conceito de um mundo aberto.
À medida que o jogador explora a cidade, ele se vê transportado a níveis nos quais supostamente deve reencenar as experiências dos demais soldados de sua tropa, dos quais se viu separado no pouso. É possível dirigir tanques, pilotar aeronaves de ataque e disparar muitos tipos diferentes de armas, contra muitas espécies de alienígenas.
A maior parte dos ambientes têm bom design, até que o jogador chega aos 20% finais do trajeto, onde fica evidente que os designers estavam simplesmente enrolando para conseguir uma hora a mais de jogo. Depois de alguns níveis interessantes, o final do jogo se resume a uma série de áreas em forma de corredores, nas quais números sempre maiores de inimigos aguardam. Não é muito interessante.
O que é mais interessante é que o ODST inclui todos os mapas existentes do Halo 3 para múltiplos jogadores, bem como alguns mapas novos; não é preciso adquirir o Halo 3 original para jogar o novo título. O título também oferece uma interface agradável para partidas múltiplas online. O Xbox Live continua a ser de longe o melhor dos serviços online para jogos via console, e jogar online é o que o ODST tem a oferecer de melhor.
Master Chief, onde estás?

'Halo' é um dos mais famosos jogos de game
The New York Times